Antes de mais, gostaria de desejar bons dias aos demais leitores. É com apreço que escrevo neste blogue pela primeira vez. Mas advirto o leitor que, porventura me lê pela primeira vez, que não sou, de todo, ingénuo nestas questões da opinião bloguista.
A um título introdutório, e para não haver uma pretensão da minha parte àquilo que escrevo, manda a etiqueta formal apresentar-me. O meu nome é José Alves e aquilo que sou as minhas letras o escrevem.
Passando para assuntos mais do foro da oikos nomos, o que venho hoje propor aos demais não é tanto uma reflexão sobre números e modelos "pornográficos" de econometria que provocam o mais brilhante orgasmo mental ao impressionável pela, e como o meu irmão mais novo lhe apelida, matemática com letras, mas uma reflexão mais do lado do que deveria ser a Economia.
Gostaria de chamar a atenção ao leitor para que, neste texto, não virei como Messias tentar analisar gráficos e números - isso deixarei para os meus colegas blogers, pelo menos numa primeira análise. Tentarei ir ao busílis da questão, propondo um exercício conjunto de reflexão, não ao jeito dos livros de Nicholas Sparks, que parecem querer buscar assunto filosófico através d'a rotina que não interessa a alguém, nem às senhoras que rugem do decote da palavra.
Assistimos hoje, a um debate à escala intergaláctica (visto os marcianos também andarem a debater o que se passa com a economia do nosso planeta) do modo como devemos resolver os problemas da dívida, do crescimento sustentável (este pronunciado de forma sensual) do monstro que a especulação financeira criou, e mais assuntos dignos de se escrever num texto semelhante ao Apocalipse de S. João.
É certo que, e apenas na minha opinião como leitor dos factos, a origem desta crise tem alguns factores bem identificáveis, na qual resumo a apenas um factor: a globalização. Se calhar o que venho aqui bramar aos leitores, como Hossanas nas alturas, seja demasiado cliché. Mas se observarmos mais dentro desta caixa de pandora que foi a globalização podemos observar alguns factores que contribuíram para o arrefecimento da máquina de crescimento económico (palavra dita de modo orgulhoso porque ponho qualquer amigo de engenharia impressionado - como, de uma língua tribal do médio oriente e que só poucos a conhecessem, se tratasse). Entre muitos factores podemos salientar a desindustrialização de alguns países, alocando a produção nos Chineses, os exóticos produtos financeiros que alicerçaram crenças de valor acrescentado ao capital, sem tradução desse mesmo valor na Economia real. Mas não foram só estes factores que têm contribuído para este arrefecimento económico. Depois da queda dos bancos americanos e da sua propagação ao resto do mundo, como se de peste negra, à la sec. XIII, se tratasse, continuamos a assistir ao arrefecimento das economias. O leitor pode-me sugerir que se deve à crise Europeia das dívidas públicas dos países, como Portugal.
De facto associar o arrefecimento económico à crise das dívidas soberanas não é, de todo falso, mas parece roçar a falácia, no sentido em que se estes países crescessem, as dívidas eram sustentáveis e isso potenciaria ainda mais o boom económico, de modo que ainda sustentaria ainda mais as finanças públicas e assim adiante de modo a que se assistiria à formação de um ciclo à semelhança do símbolo infinito, já que o mesmo não tem princípio nem fim.
O que me parece ser um alicerce para justificar a crise dos crescimentos (pelo menos na Europa) foi que com a globalização, assistimos ao 3º choque petrolífero, mas desta vez foi do lado da procura ao invés do que acontecera nos últimos dois.
Com a entrada em cena da China, Índia, Coreia, Tailândia, Áfricas, e Médios Orientes, países como Portugal, que apesar de ter uma estrutura produtiva débil do ponto de vista industrial, comparado com outros países europeus, são altamente dependentes do petróleo. Um barril de petróleo a 140$ é insuportável para países como o nosso e causador de arrefecimento do crescimento económico, e por isso é que se piora a Balança de Pagamentos e em última análise as dívidas.
Mas tudo isto parece ser justificativo da decadência de Portugal, ou de outros que se encontram numa difícil tarefa de se recomporem. Mas na minha opinião não é só os factores que enunciei acima causadores do Adamastor português.
A alienação política e a pouca projecção sentida pelos gentios na esfera política portuguesa, que é gritante a todos os níveis, e talvez a razão do declínio económico português. A economia devia-se, primeiramente antes de tentar resolver específicos dentro do seu submundo, preocupar-se com a reorganização da sociedade. Aqui confesso que a economia e a sociologia se confundem. Mas não é estranho, de todo, a quem lê. A República já nos chamava a atenção para o problema da organização social e política do Estado. E é esta organização social e política que promove e potencia crescimentos económicos.
Mas pergunta-me, uma vez mais, o leitor, porque se é assim tão evidente que este seja o cerne do mal português (antecipando qualquer tipo de retórica futura)? Eu respondo-lhe que esta alienação, à la Marx, é provocada justa e simplesmente, porque aquilo que se chama o "preço da informação" (não simplesmente o preço em adquirir informação em livros, internet, jornais, mas sim o de reflexão política e organizacional) é muito elevado. Só quando o preço da informação está ao nível das gentes é que existe uma transformação da sociedade no sentido de atingir os seus objectivos, que neste momento, se cingem à forma como nos tornaremos, mais prósperos, num futuro próximo.